segunda-feira, 6 de março de 2017

Arapuca: “Bolo” suspeito quase estraga carnaval da Arca do Bilu; foliã que desfilou no bloco Pega na Biluca passa mal e recebe atendimento de urgência para evitar óbito

Bloco é sucesso e destaque no carnaval na Costa de Conde
Por pouco, o pequeno porem animado carnaval de Arapuca, no Conde, restrito a um único bloco de rua, o “Pega na Biluca”, que sai todos os anos da Arca do Bilu até o estacionamento da praia de Tambaba, arrastando uma pequena, mas animada plateia de foliões, não se transformou em tragédia. 
 
O bloco, que tem estandarte confeccionado por celebridades das artes paraibanas e hino composto pelo mestre Fuba, o mesmo das Muriçocas do Miramar, teria ainda como atração, um bolo supostamente confeccionado com maconha, que faria a festa dos foliões e asseguraria a animação durante o trajeto, segundo comentários de alguns energizados integrantes da agremiação carnavalesca.
 
Esse ano, o bloco repetiu o sucesso de carnavais anteriores e arrastou um pequeno e agitado grupo de pessoas. Mas, a festa quase termina em tragédia que lembraria aquela passagem do célebre romance de Jorge Amado, Dona Flor e seus Dois Maridos, onde o principal personagem, o malandro Vadinho, marido de dona Flor, cai fulminado em plena folia, vitima de excessos que também podem ter derrubado a foliã pernambucana durante o desfile “do Pega na Biluca”, nessa segunda-feira de carnaval no litoral sul, numa infeliz coincidência entre o ocorrido na ficção e a realidade do carnaval da “Biluca”.
 
Segundo comentários, que agitaram a praia nessa terça-feira, último dia de carnaval, com relatos os mais diversos e controvertidos sobre o episódio, a foliã de identidade desconhecida estaria na concentração do bloco que fica na pousada e restaurante Arca do Bilu - uma trincheira da apologia pela liberação da maconha - quando passou mal, entrou em convulsão e foi atendida por uma médica de Palmas, Tocantins, de prenome Lázara, que estava no local e diagnosticou a gravidade do caso, provavelmente uma hipoglicemia, em decorrência do consumo excessivo de álcool e outras substâncias, supostamente maconha, que levaram a foliã ao coma.
 
De acordo com depoimentos de presentes, a médica aconselhou a condução urgente da foliã para um hospital onde ela poderia receber o tratamento adequado para reverter o quadro já que a paciente apresentava sinais de inconsciência e de dificuldades para respirar correndo o risco de óbito caso não lhe fosse prestado o pronto atendimento especializado, que requeria medicação intravenosa à base de glicose.
 
Ainda de acordo com testemunhas que presenciaram o episódio o SAMU teria sido chamado, o que não foi confirmado e a mulher teria sido socorrida em carro particular em razão da urgência de atendimento que seu caso exigia. Segundo a médica, ela apresentava dificuldades para respirar espontaneamente e já havia perdido a consciência mesmo com o banho de mangueira que lhe fora aplicado como tratamento de choque.
 
Até o final desta terça (28), não se sabia em que unidade de saúde a foliã teria sido socorrida: se removida para João Pessoa ou se encaminhada para alguma unidade de saúde de Conde tal a urgência do atendimento. 
 
O Jampanews está tentando levantar como foi feito o socorro - se pelo Samu ou se por particulares, para saber o estado de saúde da paciente e levantar sua identidade, além de     esclarecer, junto a ela ou a familiares, o que de fato aconteceu durante a manifestação carnavalesca já que testemunhas informam que ela estava acompanhada do marido e de amigos, e esses poderiam confirmar se ela comeu ou não do suposto bolo de maconha, como declaram pessoas presentes, e se teria sido a iguaria a causa para o quadro de hipoglicemia ou overdose como sugerem alguns.
 
Bolo de Maconha
 
Entre as versões que circularam na praia e adjacências, a foliã teria comido um bolo confeccionado com maconha, uma tradição do restaurante já que o proprietário do estabelecimento e organizador do bloco carnavalesco é um conhecido apologista da erva e costumaria recepcionar os amigos, mais íntimos, com essa iguaria derivada da maconha, o que serviria para mostrar a diversidade do uso da planta que, além de medicinal também pode ser utilizada na gastronomia.
 
Bilu não é o único chef de cuisine a utilizar a maconha como ingrediente na culinária, ele tem companhia seletíssima e internacional. Em São Francisco, California, num peculiar restaurante chamado Cannabis Cathering, o chef americano Frederick Nesbitt III serve uma especialidade curiosa: pratos com maconha.
 
A ideia de cozinhar com marijuana veio da notícia de que a mãe de um amigo, diabética, foi diagnosticada com câncer. Por ter que ficar longe do açúcar e não poder comer vários de seus pratos favoritos, Nesbitt resolveu inovar e fez batatas assadas com a planta. Depois disso, resolveu adaptar algumas receitas em seu próprio restaurante.
 
Um detalhe importante: os pratos são servidos apenas a clientes que possuem uma licença médica para consumo de maconha. Sem isso, a operação de Nesbitt seria totalmente ilegal. 
 
A moda atravessou fronteiras e veio parar em praia deArapuca onde fica o restaurante de Bilu, um dos mais conceituados do Litoral Sul, cuja receita de bolos elevou a Arca aos patamares de famosos restaurantes americanos como o de Nesbitt.
 
Apesar de toda essa repercussão em torno do uso da maconha na gastronomia, o prato ainda não foi oficializado na Arca e não consta do cardápio sendo servido apenas aos íntimos e apreciadores da marijuana e não se sabe se Bilu segue as regras do colega americano e exige receita médica aos comensais.
 
No caso da foliã de identidade ainda desconhecida, para outras testemunhas ouvidas pelo portal, ela teria consumido bebida alcoólica de forma exagerada e isso teria causado a hipoglicemia e elas negam peremptoriamente que tenha sido distribuído bolo de maconha aos foliões. 
 
As versões se confrontam e algumas pessoas que estavam no bloco apresentam depoimentos divergentes ao mesmo tempo: umas afirmando a existência e distribuição do bolo e outras negando de forma incisiva principalmente aquelas que são tidas como amigas fraternas dos organizadores do bloco e frequentadoras assíduas do restaurante. 
 
O fato é que a pessoa passou mal foi socorrida em estado grave, isso toda praia e redondezas podem confirmar. Até a publicação dessa matéria, o estado de saúde da foliã não havia sido revelado, e como e por quem teria sido socorrida, além de que, ninguém sabe dizer quem ela é apesar de acompanhada de marido e amigos, e se seu quadro clínico, considerado de urgência, foi revertido. Sabe-se apenas que ela seria pernambucana como o frevo que puxou o bloco.
 
Intervenção
 
Já para outras pessoas seria necessária a intervenção das autoridades públicas do setor da Segurança e da Vigilância Sanitária para saber se esse tal bolo existe de fato e se ele realmente é confeccionado e distribuído pelo restaurante como é relatado por muita gente séria que frequenta Tambaba e que merece credibilidade e que já teria testemunhado eventos na Arca onde o bolo seria servido como refeição, inclusive, há depoimentos de ex-funcionários que afirmam a veracidade dos comentários sobre o famoso bolo de maconha.
 
Por fim, o que se sabe a respeito são comentários baseados em depoimentos de terceiros e de supostas declarações do maitre Bilu alardeando as qualidades medicinais da maconha, já comprovada pela ciência médica, e sua convicção em defesa da liberação imediata para consumo próprio e para uso na gastronomia regional, prática que já seria uma tradição em seu restaurante, onde o bolo seria servido pelo menos para amigos e familiares. 
 
O maitre Bilu é um vanguardista e já participou de manifestações públicas em defesa da liberação da maconha em João Pessoa. Comenta-se também que, além de consumidor, Bilu é um profundo conhecedor da erva e que teria uma pequena plantação por trás de casa onde ele desenvolveria as potencialidades de diversas espécies e que esse cultivo já o indispôs com alguns vizinhos, acusados de roubar sua produção particular, e com desafetos (que não são poucos) que já ameaçaram denunciar o cultivo à Polícia Federal como resultado de desavenças irreconciliáveis com o controvertido mestre-cuca paraibano.
 
São muitas as testemunhas que confirmam ser o bolo de maconha uma das iguarias confeccionadas pelo Maitre Bilú, em datas como aniversários, Natal, Ano Novo e Carnaval. O tamanho do bolo depende da inspiração do maitre e do prestígio do homenageado, ressaltando-se que, apenas alguns felizardos seriam contemplados com o famoso prato de maconha. 
 
Já há registro na crônica policial brasileira de ocorrências com bolos de maconha, onde pessoas foram parar em hospitais. Em Qurinópolis, GO, quatro rapazes, sendo dois menores, passaram mal e foram parar no hospital da cidade depois de comer um bolo recheado de maconha. 
 
Aqui na Paraíba pode ter ocorrido o primeiro caso, com a foliã pernambucana ainda não identificada, e cujo estado de saúde ainda não foi esclarecido, e se ela realmente foi vítima do bolo ou do excesso de álcool. Cabe aos autoridades sanitárias investigar o caso e oferecer explicações a sociedade.
 
O certo é que no aniversário do chef Bilu o bolo é servido invariavelmente e se transforma na grande atração das comemorações muito mais do que as mais de 60 velinhas que ele tem para assoprar.
 
Fonte: Jampa News

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Por que ficar nu em uma praia de nudismo não é ato obsceno?

Você já se perguntou por que a polícia prende e a justiça condena pessoas que andam nuas pela rua mas não prende ou condena pessoas nuas em praia de nudismo?



A razão é simples: moralidade. Recentemente falamos de moralidade quando falamos de sacrificar animais. O mesmo princípio moralidade pública impera quando falamos de nudez pública.

Quando alguém é preso e condenado por estar nu, a condenação é quase sempre baseada em um dos artigos mais subjetivos de nosso Código Penal: o ato obsceno. O artigo 233 de nosso Código Penal diz que o crime de ato obsceno consiste em “praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público”. Mas reparem que ele não define o que é um ato obsceno. O que ele diz é a mesma coisa de dizer definir um elefante como ‘sendo um animal idêntico a um elefante’. É o que os filósofos, matemáticos e linguistas chamam de definição circular.

Pois bem, a lei deixa a cargo do magistrado definir o que é um ato obsceno. E isso vai variar de acordo com o tempo e lugar. Houve um tempo em que uma mulher expor sua canela era considerado obsceno. E há países em que mulheres exporem seus rostos, ainda hoje, é considerado obsceno.

Como a lei não diz o que é ato obsceno, o magistrado tem a flexibilidade de definir o que deve ser considerado obsceno de acordo com os costumes e tempo em que aquele ato aconteceu. Hoje, por exemplo, nenhuma mulher no Brasil seria condenada por expor suas pernas em público.

Mas esse é também o problema da lei. Como ela deixa a cargo do magistrado definir o que é obsceno, ninguém tem muita certeza do que isso significa hoje em dia. É fácil identificar os extremos (por exemplo, é difícil achar alguém que não chamaria de obsceno um casal resolver fazer sexo no meio da Avenida Paulista durante o dia), mas é difícil decidir o que não é extremo. Um beijo mais quente é obsceno? Isso vai variar de pessoa para pessoa, e de magistrado para magistrado.

OK, então sabemos que andar nu na Paulista é ato obsceno. E andar nu na praia de Copacabana? Bem, provavelmente obsceno. Tanto é assim que as pessoas na praia de Copacabana não estão nuas. Então qual é a diferença entre a praia de Copacabana e a Praia de Abricó, também na cidade do Rio de Janeiro?

A diferença – e é muito sútil – é que a resolução 64/94 da Câmara Municipal do Rio diz que aquela é uma praia de naturismo. Ou seja, ela diz que quem for a aquela praia deve esperar encontrar pessoas nuas. Ora, se você espera encontrar pessoas nuas em um determinado local, não há como o estado dizer que tal nudez é obscena. Por mais surpreendente que pareça, essa é a mesma lógica que impede que os foliões semi-nus (e às vezes totalmente nus) sejam presos durante o carnaval ou que alguém nu em um vestiário seja preso: nesses locais e momentos é de se esperar que as pessoas estejam nuas ou semi-nuas. Logo, não é possível dizer que é obsceno o que elas estão fazendo.